INSS negou o BPC por autismo? Saiba como recorrer
- Dra. Adriene Basilio

- 6 de nov.
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de nov.

Receber a negativa do INSS no pedido do BPC por autismo é mais comum do que se imagina — mas isso não significa que o direito não exista. Na maioria dos casos, é possível reverter a decisão com o reforço das provas corretas e dentro do prazo.
O BPC (Benefício de Prestação Continuada), também chamado de LOAS, garante um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência em situação de vulnerabilidade. E o autismo é reconhecido por lei como deficiência, o que permite o acesso ao benefício quando comprovada a condição social exigida.
Prazo para recorrer da negativa do INSS
Se o INSS negou o BPC, após a comunicação da negativa, você tem dois caminhos possíveis:
Recurso administrativo: O recurso é feito no próprio INSS e será analisado pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS).
Ação judicial: Se preferir, é possível entrar diretamente na Justiça, sem esperar o fim do processo administrativo. Essa via é recomendada quando a negativa foi claramente injusta ou quando o recurso interno demora demais.
Como reforçar as provas para o recurso
As negativas do INSS geralmente acontecem por dois motivos principais:
Falta de comprovação adequada da deficiência (autismo).
Dúvidas sobre a situação de miserabilidade da família.
Abaixo, explico como corrigir e fortalecer esses pontos.
A. Comprovação da deficiência (autismo)
O autismo é reconhecido como deficiência de longo prazo. Por isso, a prova deve mostrar como o transtorno impacta a vida da pessoa e dificulta sua participação plena na sociedade.
Perícia biopsicossocial: A avaliação deve ser feita por equipe médica e social, e precisa ser subsidiada com laudos e relatórios detalhados.
Laudos médicos detalhados: Um documento que só menciona o CID (como F84.0) é insuficiente. Peça que os profissionais descrevam:
As limitações diárias (comunicação, interação, comportamento, necessidade de rotina).
A necessidade de acompanhamento contínuo (terapias, consultas, medicamentos).
O impacto do transtorno na vida familiar, como quando os pais precisam deixar de trabalhar para cuidar do filho.
Relatórios de terapeutas: psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos.
Relatórios escolares: descrevem dificuldades de socialização e aprendizado.
Comprovantes de tratamento: receitas, declarações de comparecimento e exames.
B. Comprovação da vulnerabilidade (renda)
Nem sempre o INSS considera a realidade das famílias. O critério de renda inferior a ¼ do salário mínimo não é absoluto. O STJ (REsp 1112557/MG) e o STF (Rcl 4154/SC), por exemplo, reconhecem que a vulnerabilidade pode ser provada por outros meios, e não apenas pela renda declarada.
Documentos que ajudam
Cadastro Único (CadÚnico) atualizado.
Laudo socioeconômico da perícia biopsicossocial.
Comprovantes de despesas extras, como:
Terapias e medicamentos não fornecidos pelo SUS.
Alimentação especial.
Transporte para tratamentos.
Exclusões do cálculo da renda: Segundo o STJ (REsp 1355052/SP), o benefício de até um salário mínimo recebido por idoso ou outro BPC da mesma família não entra no cálculo da renda familiar.
Checklist rápido para recorrer
Protocolar o recurso no prazo de 30 dias.
Anexar laudos médicos completos e atualizados.
Incluir relatórios de terapeutas e escolas.
Atualizar o CadÚnico.
Juntar comprovantes de despesas médicas e de transporte.
Solicitar laudo socioeconômico detalhado.
Passos práticos para reverter a negativa
Reúna toda a documentação — quanto mais completa, melhor.
Apresente o recurso administrativo dentro do prazo ou procure orientação jurídica.
Se o INSS insistir na negativa, leve o caso à Justiça — com base sólida, as decisões têm sido favoráveis.
Se você recebeu uma negativa e está insegura(o) sobre como agir, a orientação jurídica adequada pode ajudar a compreender os motivos da decisão e avaliar as possibilidades de revisão, seja no INSS ou na Justiça.



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